Sonho de uma noite de verão

Sonhava eu que estava a passar na rua e me cruzava com o Sócrates. Nem pensei duas vezes. Olhei para ele e gritei:
- Ó meu paneleiro!
O gajo olhou para mim com aquele focinho ranhoso de quem está a levar no cú e está a gostar e respondeu-me qualquer coisa naquela voz aflautada e panasca. Como o gajo não tinha ninguém perto dele aproximei-me e mandei-o levar no cú, que era não só o meu desejo mas, no essencial, também o desejo da Pátria, que está farta dele mais dos filhos da puta da comandita dele, mais dos paneleiros, rotos e trolorós que temos que aguentar e sustentar. Alás, ocorreu-me logo a imagem do cara de cagalhão que é o Carlos Castro, que imagino seja amigo dele e disse-lho:
- Estou para aqui a pensar no cara da cagalhão do teu amigo Carlos Castro, ó meu javardão do caralho.
E ele:
- Ai vê lá olha o processo disciplinar.
E eu:
- Então e se fosses para o caralho, meu grande filho da puta?
E ele:
- Agosta estás lixado comigo.
E eu:
- Vai mas é apanhar no cú.
E ele:
- Vou fazer queixa de ti.
E eu:
- Só se for ao Diogo Infante, meu panasca.
E ele (já com a lágrima ao canto do olho e a voz a falhar):
- Estás marcado.
E eu:
- A cona da tua tia é que estou marcado.
E pronto. Acordei. Feliz e satisfeito. Isto se não dá para lhos chamar de viva voz, um gajo aproveita para sonhar. Até vim trabalhar mais bem disposto.

Chamuça Assassina